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ANO 39 - Nº 9115 - Vale do Taquari, Lajeado, edição de segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
21/12/2009 2h55m - Painel Opinião -
As lições que aprendi com meu pai
Suzana Feldens Schwertner (*)
Aprendi muitas coisas com meu pai. Foi com ele que eu aprendi o valor da leitura, do estudo, do respeito ao próximo, da gentileza em emprestar as nossas coisas aos outros, da importância de preservar a nossa história. É por toda essa aprendizagem que tenho a oportunidade de finalizar mais uma etapa da minha educação. Educação que também aprendi com ele, especialmente no tocante a um dos valores mais importantes na vida de um ser humano: a relevância da palavra. Não apenas da palavra escrita ou falada caprichosamente, mas da relação e correspondência entre aquilo que falamos e a forma como agimos, a inseparabilidade entre vida e pensamento.
Para quem ainda não conhece meu pai, eu o apresento da seguinte maneira: para ele, história não é um passado remoto, insosso, perdido e sem valor. Para meu pai, o passado conta nossa história presente e possibilita abertura de portas para um futuro não muito distante. E uma das vias que nos conectam a esse passado vibrante são os documentos que preservamos, seja de forma pública ou particular.
Ninguém mais do que meu pai entende o valor dos documentos históricos da cidade de Estrela, preservando, com paciência, cuidado e habilidade, uma série de raridades - que só não estão em outro lugar por falta de um espaço destinado exclusivamente a esse fim. Muitos pesquisadores, de várias localidades (do município, da região do Vale do Taquari, da capital e Região Metropolitana), reconhecem o valor desse trabalho quase caseiro de meu pai, de arquivar cuidadosamente cada peça rara, transformando, como diria o filósofo francês Michel Foucault, “documentos em monumentos”. Não é em nome próprio que meu pai o faz; não é por pura vaidade ou capricho que investe uma quantidade enorme de tempo, espaço, dedicação e carinho em tal atividade. É, sim, em nome daquilo que ele tanto almeja e com o que sempre se preocupou: a preservação da história do município de Estrela. E se meu pai assim diz, da mesma forma faz. Porque, conforme aprendi com ele, palavra proferida é palavra cumprida - diferentemente do entendimento de outros, que atestam a incoerência entre palavra e ato.
Aprendi muitas coisas com meu pai. E sigo aprendendo. Quiçá outros possam igualmente aprender com ele.
(*) psicóloga e doutoranda em Educação (Ufrgs), filha de Luiz Roque Schwertner
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