Histórias, histórias... que vida interior existe sem uma dose extra de imaginação, poesia e leitura? Contos de fadas, de aventuras, de suspenses (olha aí Monteiro Lobato, Mario Quintana, Julio Verne, Agatha Christie) que nutrem a nossa alma - não só na infância, mas durante toda nossa existência! E quem partilha histórias estabelece um laço para sempre indissolúvel... Afinal, contar (e ler!) histórias é também um compromisso ético!
POR QUE CONTAMOS HISTÓRIAS?
Contos de Fadas alimentam o imaginário humano. Sem esse alimento ficamos desnutridos. Contamos histórias porque somos humanos, contadores inatos, congênitos. Porque temos fome da imaterialidade dos sonhos. De subjetividade. De grandeza. Amor. Detalhes, desafios, ternura. Temos fome de reinventar a mesmice. Embelezar o cotidiano. Dançar com asfadas. Além do bem, além do mal, com uma carga de lirismo e uma dose cavalarde loucura. Para isso que existimos, para termos uma história só nossa. Uma história escrita com o rastro fosforescente de nossos pés. Quem conta uma história acende uma luz atrás do véu da realidade e conta um segredo, sussurra e revela uma verdade, várias verdades fantasiadas de mentiras. Um contador de histórias lúcido sabe que um castelo erguido no imaginário de uma criança possui uma arquitetura tão arrojada que nenhum tesouro do mundo real seria capaz de custear a sua construção. Por isso ele investe no enriquecimento do universo interior da criança. Agindo dessa forma, ele contribui para erradicar a miséria emocional e espiritual do homem.
Contar histórias para as crianças mostra-se uma alternativa para a resolução de problemas sociopolíticos, econômicos e de ordem humana. Um adulto que construiu na sua infância um império interior não precisa pisar em seus semelhantes para edificar, de forma ilícita, impérios exteriores. Ele consegue estabelecer limites porque os seus valores éticos permitem a ele discernir o que realmente tem valor para si, razão pela qual conta muito para ele a forma de alcançar a prosperidade. Dificilmente esse adulto que ouviu histórias na infância ficará lutando com moinhos de vento, abusando do poder e ferindo as aspirações sociais da própria democracia em detrimento de um individualismo egoístico levado às ultimas conseqüências.
Extraído do livro "Contos de Fadas" de Jonas Ribeiro
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